Cecília Meireles Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Foi a primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas. […]
Cecília Meireles
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Foi a primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas. Participou do grupo literário da Revista Festa, grupo católico, conservador e anti modernista. Dessa vinculação herdou a tendência espiritualista que percorre seus trabalhos com frequência.
A maioria de suas obras expressa estados de ânimo, predominando os sentimentos de perda amorosa e solidão. Uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a musicalidade de seus versos. Alguns poemas como “Canteiros” e “Motivo” foram musicados pelo cantor Fagner. Em 1939 publicou “Viagem”, livro que lhe deu o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras.
Órfã de pai e mãe, aos três anos de idade é criada pela avó materna. Fez o curso primário na Escola Estácio de Sá, onde recebeu das mãos de Olavo Bilac a medalha do ouro por ter feito o curso com louvor e distinção. Formou-se professora pelo Instituto de Educação em 1917. Passa a exercer o magistério em escolas oficiais do Rio de Janeiro. Estreia na Literatura aos 18 anos com o livro “Espectros” em 1919, com 17 sonetos de temas históricos.
Em 1922 casa-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas. Viúva, casa-se pela segunda vez com o engenheiro Heitor Vinícius da Silva Grilo, falecido em 1972. Estudou literatura, música, folclore e teoria educacional. Colaborou na imprensa carioca escrevendo sobre folclore. Atuou como jornalista em 1930 e 1931, publicou vários artigos sobre os problemas na educação. Fundou em 1934 a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro.
Cecília Meireles lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, em 1940. Profere em Lisboa e Coimbra conferência sobre Literatura Brasileira. Publica em Lisboa o ensaio “Batuque, Samba e Macumba”, com ilustrações de sua autoria. Em 1942 torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Realiza várias viagens aos Estados Unidos, Europa, Ásia e África, fazendo conferências sobre Literatura, Educação e Folclore.
Morreu no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964. Foi homenageada pelo Banco Central, em 1989, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos.
Obras de Cecília Meireles: Espectros, poesia, 1919; Nunca Mais… e Poema dos Poemas, 1923; Baladas Para El-Rei, poesia, 1925; Viagem, poesia, 1925; Viagem, poesia 1939; Vaga Música, poesia, 1942; Mar Absoluto, poesia, 1945; Evocação Lírica de Lisboa, prosa, 1948; Retrato Natural, poesia, 1949; Amor em Leonoreta, poesia, 1952; Doze Noturnos de Holanda e o Aeronauta, poesia, 1952; Romanceiro da Inconfidência, poesia, 1953; Pequeno Oratório de Santa Clara, poesia, 1955; Pístoia, Cemitério Militar Brasileiro, poesia, 1955; Canção, poesia, 1956; Giroflê, Giroflá, prosa, 1956; Romance de Santa Cecília, poesia, 1957; A Rosa, poesia, 1957; Eternidade em Israel, prosa, 1959; Metal Rosicler, poesia, 1960; Poemas Escritos Na Índia, 1962; Antologia Poética, poesia, 1963; Ou Isto Ou Aquilo, poesia, 1965; Escolha o Seu Sonho, crônica, 1964; Crônica Trovoada da Cidade de San Sebastian, poesia, 1965; Poemas Italianos, poesia, 1968; Inéditos, crônica, 1968
“Eu canto, porque o instante existe / E a minha vida está completa / Não sou alegre nem sou triste, sou poeta
Irmão das coisas fugidias / Não sinto gozo nem tormento / Atravesso noites e dias no vento
Se desmorono ou se edifico / Se permaneço ou me desfaço / Não sei se fico ou passo
Eu sei que eu canto e a canção é tudo / Tem sangue eterno a asa ritmada / E um dia eu sei que estarei mudo, mais nada“
Motivo